as coisas que conta um português que anda pela Rússia
Domingo, 31 de Agosto de 2008
MORTE INTRIGANTE NA INGUCHÉTIA

 
 
A notícia foi difundida hoje pelas principais agências russas. Foi morto Mogamed Evloiev, proprietário do portal Ingushetia.ru, o qual tinha sido encerrado em Janeiro, por «difundir ódios étnicos». Esta cláusula da lei tem sido usada e muitos casos e que nem sempre têm que ver com ódios e muito menos com etnias. No caso concreto, o portal Ingushetia.ru teria difundido o apelo para uma manifestação que não tinha sido permitida pelas autoridades locais. A este respeito ter-se-ia que abrir um outro capítulo sobre a situação da Inguchétia. Em poucas palavras, nesta república vizinha da Chechénia, o presidente Murat Ziazikov não goza de grande popularidade. As manifestações são contra o poder local, tendo já havido situações em que saíram à rua com retratos de Putin, para mostrar que não têm nada contra o poder central, e cartazes a exigir a demissão de Ziazikov. No entanto, este mantém-se de pedra e cal, dado que é nomeado pelo Kremlin. O portal Ingushetia.ru, era o órgão da oposição mais conhecido. Além disso, na Inguchétia a insegurança é muito grande, há frequentemente atentados, normalmente contra polícias e representantes do poder. A situação é tensa já há alguns anos. Neste momento, é provavelmente mais problemática do que a Chechénia, embora com características diferentes.
O caso da morte de Evloiev, levanta muitas perguntas. Ele foi preso no aeroporto, directamente à saída do avião, por uma coluna de carros da polícia. Segundo algumas testemunhas no acto da detenção houve disparos para o chão, talvez para impressionar. O que se passou depois, ao certo, não se sabe. Segundo a versão das autoridades, dentro do automóvel da polícia, Evloiev tentou apoderar-se da arma de um dos agentes. Diz-se que houve um «disparo involuntário» por parte de um polícia... O facto é que Evloiev foi morto com um tiro na têmpora.

As autoridades dizem que Evloiev figurava como testemunha num processo sobre um (dos muitos) atentado ocorrido naquela república, e já várias vezes tinha sido convocado para depor sem que se tivesse designado a comparecer. De maneira que resolveram levá-lo à força. Deve-se reconhecer que um cortejo de seis automóveis da polícia, com guardas armados, para levar uma testemunha à Procuradoria parece um pouco desproporcionado. O tom das explicações faz pensar que vai ser difícil de levantar a neblina que circunda o caso. O que parece certo é que tudo isto não contribui de forma nenhuma para criar um clima de confiança e de estabilidade na agitada Inguchétia.



publicado por edguedes às 16:32
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Terça-feira, 26 de Agosto de 2008
A GUERRA FRIA ESTÁ DE VOLTA

 

MEDVEDEV ASSINOU O DECRETO DE RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DA ABKHÁZIA E DA OSSÉTIA DO SUL
 
                                                                                                                A decisão do presidente Dmitri Medvedev relativa à proposta das duas câmaras do parlamento russo, de reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, foi tomada no mais curto prazo que se podia prever. Isso significa que Moscovo está decidida a manter com os EUA e com os outros países ocidentais uma atitude de confrontação. Vários líderes do Ocidente, incluindo George Bush e Angela Merkel, tinham recomendado a Medvedev que não desse andamento à proposta do Parlamento. “Eu apelo aos governantes russos para que cumpram os seus deveres e não reconheçam essas regiões separatistas”, lê-se na declaração do presidente norte-americano. Enquanto que Angela Merkel faz notar que o reconhecimento “vai contra a lei internacional” e que pode criar ulteriores dificuldades “no que respeita à segurança territorial da Geórgia”. No entanto, depois de se consultar com o Conselho de Segurança, do qual fazem parte Vladimir Putin e outras figuras dominantes da cena política e militar da Rússia, Medvedev anunciou a derradeira decisão. Conforme as imagens da televisão russa, em Tskhinvali e em Sukhumi as pessoas “manifestavam a sua alegria” nas ruas, com danças e tiros para o ar. Entretanto, o índice da bolsa de Moscovo, entrava em “queda livre”, acelerando uma tendência que já se vinha a manter nos últimos dias.
            Mas a Rússia não se fica por aqui. Para não se mostrar fraca frente às criticas da NATO, Moscovo decidiu suspender vários aspectos da colaboração com a Aliança. Conforme anunciou Dmitri Rogozin, representante permanente de Moscovo junto da NATO, chamado à capital russa na sequência da crise da Ossétia do Sul, a Rússia considera que deve “durante meio ano congelar a componente de colaboração em missões de paz” com a NATO. Suspende o programa de “Parceria pela paz” e adia a visita do secretário geral da NATO à Rússia (prevista para Outubro deste ano). “O quadro das nossas relações com a NATO está bastante complicado”, afirmou Rogozin. A Rússia mantém, por enquanto a colaboração no que respeita às operações no Afeganistão e, provavelmente nalguns sectores do combate ao terrorismo. Rogozin sublinhou que a NATO usa dois pesos e duas medidas comparando as acções e posições quanto ao Kosovo com as posições que agora toma no confronto da Abkházia e da Ossétia do Sul.
            Por seu lado, o general Anatoly Nogovitsin, fez notar que no mar Negro, na vizinhança das costas georgianas se encontram oito navios da NATO, dos quais três norte-americanos, quatro turcos, um da Espanha, um da Alemanha e um da Polónia. Nogovitsin diz que há informações de que ainda vão chegar mais 8 navios de guerra de países integrados na Aliança.

Por enquanto, o clima de guerra fria continua a crescer.

 



publicado por edguedes às 12:09
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Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008
TRANSFERÊNCIA DE DANNI PROVOCA “ONDAS”

 

São outras guerras, menos chocantes e com alguma coisa até de simpático. Dois clubes russos disputavam o futebolista português Danni. Hoje ele passou do Dínamo de Moscovo onde jogava desde 2005, para o campeão russo, e vencedor da taça da UEFA, o Zenit de S. Petersburgo. Mas a transferência acabou por não ser tão pacífica quanto parecia. Os dois clubes acabaram por se pôr de acordo, mas os fãs do Dínamo não se resignaram. Danni com os seus dribles tornou-se num símbolo do clube moscovita, que este ano até parece que vai no bom caminho. Está no segundo lugar da tabela (35 pontos, menos 4 do que o líder) e, se conseguir manter o nível que tem tido, poderá finalmente pensar nas competições europeias. O Zenit, ao contrário está a fazer uma época fraca em comparação com as últimas e está lá para o meio da tabela (6º lugar com 28 pontos). O clube de S. Petersburgo abriu os cordões à bolsa e deu 30 milhões de euros pela transferência do jogador português. Os fanáticos do Dínamo dizem que o objectivo do Zenit é prejudicar o clube de Moscovo, dispondo dos fundos do patrocinador, a companhia estatal do gás “Gazprom”. Vai daí, escreveram um carta a Serguei Stepachin, presidente da “Câmara de Contas”, que deve vigiar a legalidade dos fluxos de capital, a acusar o Zenit de dispor de fundos “astronómicos á escala do mercado do futebol” da Rússia. “Como é que o clube de futebol Zenit pode dispor de somas multimilionárias do orçamento da Gazprom, o que significa de facto do orçamento de estado?”, perguntam os representantes da “torcida” do Dínamo.
            O facto é que eles queriam o Danni e não o dinheiro para o clube. “Os fãs do Dínamo, com amargura e indignação tomaram conhecimento das iniciativas dos dirigentes do clube Zenit de S. Petersburgo, e dos métodos pouco desportivos e pouco elegantes com que tentam enfraquecer o nosso clube, e conseguir para a equipa deles o principal jogador do Dínamo Miguel Danni.”
            O futebol é assim...
                       


publicado por edguedes às 20:24
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PARLAMENTO RUSSO RECONHECE INDEPENDÊNCIA DA OSSÉTIA DO SUL E DA ABKHÁZIA

 

 

A notícia já era esperada. Primeiro foi o Conselho da Federação a aprovar por unanimidade uma resolução para o reconhecimento das independências da Abkházia e da Ossétia do Sul e, poucas horas depois foi a vez da Duma de Estado repetir a mesma proeza. Pode-se dizer que a Geórgia conseguiu unir as duas câmaras do parlamento russo. No início da sessão, no Conselho da Federação tiverem lugar de destaque e direito a palavra os dois presidentes das repúblicas agora semi-reconhecidas, Serguei Bagapch e Eduard Kokoiti, respectivamente da Abkházia e da Ossétia do Sul. Serguei Mironov, presidente do Conselho da Federação, afirmou que “o reconhecimento das independências da Abkházia e da Ossétia do Sul é uma condição necessária para garantir a segurança a estes povos”. Segundo Mironov, depois dos bombardeamentos que Tbilissi levou a cabo na Ossétia do Sul, não há condições para que os ossetas vivam no mesmo país que os georgianos. (Cá para mim, Mironov anda esquecido de como se passaram as coisas na Chechénia, onde as tropas federais russas bombardearam “o povo” duma forma bem mais forte e, mesmo assim, vivem no mesmo país do que os russos). E o que é que isto vai dar? A ideia de alguns observadores (incluindo eu) acham que o presidente Dmitri Medvedev vai segurar o papel na gaveta e ver como é que as coisas correm no plano internacional. Como a União Europeia vai ter um cimeira dedicada a este tema na próxima segunda-feira, provavelmente, até lá, as propostas da Duma e do Conselho da Revolução não vão ter seguimento. Por outro lado, há também quem faça notar que a Rússia poderá, dentro em breve, encontrar-se perante uma grande pressão, dado que como parte no conflito não tem condições para ter ali tropas de manutenção de paz. Com a independência reconhecida, poderá manter tropas nestas zonas a pedido somente dos governos da Abkházia e da Ossétia do Sul. Isso continuará a não melhorar as relações com o Ocidente mas permite agir dentro de uma certa lógica. Aliás lógica é o que falta mais a este ponto. A Rússia não reconheceu a independência do Kosovo, porque era contra o direito internacional, dado que não havia acordo com a Sérvia. Agora presta-se a reconhecer a Abkházia e a Ossétia do Sul, mesmo sem o acordo da Geórgia. Os EUA e alguns países europeus reconheceram a independência do Kosovo, mas agora dizem que a integridade territorial da Geórgia é sagrada e que a Abkházia e a Ossétia do Sul, não têm direito a ser independentes...

            Entretanto as relações entre a Rússia e o Ocidente vão-se deteriorando por outros lados. No encontro que Medvedev teve com Dmitri Rogozin, representante permanente da Rússia junto da NATO, o presidente afirmou que a colaboração com a Aliança é importante mas não a qualquer preço, e que não está interessado numa colaboração de 2ª categoria. “Cercam-nos de bases, deslocam-se para as nossas fronteiras”, comentou Medvedev, adiantando que se poderá chegar a uma suspensão de toda a colaboração com a NATO. Por outro lado, Vladimir Putin (primeiro-ministro) confirmou que o governo pensa renunciar a alguns dos compromissos assumidos para a admissão da Rússia à Organização Mundial de Comércio. O facto é que os americanos já afirmaram que não vão levantar a “emenda de Jackson-Vanik”, que impunha limitações nas trocas comerciais com a URSS, no tempo da guerra fria, introduzida como represália contra o facto que o governo soviético não permitia a emigração dos judeus, muitos dos quais faziam parte da nata científica da URSS. A “emenda” continua de pé até hoje e, agora serve para defender a Geórgia. Além disso, os EUA vão renunciar a um projecto de colaboração no âmbito nuclear civil, que tinha sido acordado a nível dos dois presidentes. Isto são algumas das expressões da nova guerra fria, mas provavelmente vai haver mais nos próximos dias. Junte-se ainda o facto de que nos EUA está a começar a campanha eleitoral e exibir posições de força normalmente rende votos.

            Em Tbilissi, o presidente Mikhail Saakachvili também não parece estar em fase de se chegar para trás. Conforme refere o Herald Tribune, adiantando alguns pontos de uma entrevista, Saakachvili penso repor de pé a capacidade militar da Geórgia e garante que não desiste dos territórios em causa. Diz que conquistou novos aliados no mundo e que vai começar uma campanha de reconstrução. Faz notar que a “administração Bush” não se lhe mostrou contrariada ou deu sinais de querer diminuir o seu apoio pelo facto de ele ter dado ordem de atacar Tskhinvali (capital da Ossétia do Sul). Afirma que “há uma espantosa solidariedade”.



publicado por edguedes às 19:20
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Domingo, 24 de Agosto de 2008
A GUERRA A PAZ E A OSSÉTIA DO SUL

Passaram-se cerca de 16 anos desde os tempos em que as guerra separatistas na Geórgia tinham gerado um enorme número de vítimas e de desalojados. Não obstante o tempo, as situações não se conseguiram normalizar. Da Abkházia tinham sido expulsos praticamente todos os georgianos que lá viviam, depois de uma vitória militar dos abkhazes, com um certo apoio russo e com a ajuda de aventureiros e guerrilheiros, inclusivamente alguns comandantes da guerrilha Chechena que se vieram a tornar famosos mais tarde (ex. Chamil Bassaev). O facto é que a Geórgia não conseguiu resolver o problema dos desalojados (os números oficiais rondam os 200 mil) e muitos continuam ainda em alojamentos precários, escolas, edifícios públicos e hotéis que, com o tempo se deterioraram, tornando cada vez pior a vida dos desalojados da Abkházia. Na Ossétia do Sul, o quadro era um bocado diferente. Houve um grande número de desalojados devido à guerra (91/92), mas sobretudo ossetas, que foram para a Ossétia do Norte (Federação da Rússia). Muitos destes não voltaram porque as condições e as perspectivas de vida na Ossétia do Norte eram melhores. De qualquer forma, muitos têm parentes dum lado e do outro das montanhas do Cáucaso. Numa das viagens que fiz a Tbilissi, em 2002, tive a ocasião de entrevistar um deputado que era vice-chefe da comissão parlamentar para a defesa, Zviad Mukbaniani. Referindo-se à Ossétia do Sul, Mukbaniani comentava que “ali é muito diferente da Abkházia. Nós podemos ir lá livremente. Os ânimos não estão exaltados como na Abkházia, ao ponto de odiarem a Geórgia e os georgianos.” Era uma das situações em que o separatismo político não impedia uma vida mais ou menos normal a ossetas e georgianos. Mas, nos últimos anos as coisas mudaram. Mikhail Saakachvili tinha prometido recuperar a integridade territorial da Geórgia. Por outro lado as relações com Moscovo deterioraram-se muito depressa. A lista dos motivos de “atrito” seria demasiado longa para este espaço, mas pode-se resumir de forma um bocado simplista que a Geórgia passou de uma “zona de influência russa” a uma zona de “influência norte-americana”. Os motivos de atrito nas regiões separatistas também foram aumentando, chegando várias vezes a trocas de tiros de dimensões reduzidas. Nos últimos anos houve uma aposta forte do governo de Tbilissi em melhorar a capacidade das forças armadas, o que foi apoiado pelos EUA e pela NATO. Na minha opinião, as autoridades georgianas foram adquirindo a convicção de que poderiam recuperar os territórios separatistas pela força (algumas vezes afrimaram-no). No fundo, era o que a Rússia tinha feito com a Chechénia. Foram colocadas tropas georgianas nas proximidades da fronteira administrativa da Abkházia e da Ossétia do Sul. De vez em quando, ambas as partes acusavam a outra de “provocações”. Tblissi nomeou “governos no exílio” para ambas as regiões separatistas. Numa entrevista recente, o embaixador norte-americano em Moscovo afirmou que Washington tinha insistido para que Saakachvili não se deixasse levar pela tentação de intervir pela força. Admitindo a sinceridade das palavras do diplomata, parece-me no entanto que, com os factos, ou seja com o armamento, instrutores militares, etc., os EUA foram convencendo Saakachvili de que poderia conseguir. Depois do que aconteceu, já ouvimos vozes de pessoas autorizadas da NATO e dos EUA a garantir que vão ajudar a Geórgia a refazer a sua capacidade militar. Será para tentar outra vez resolver os separatismos pela força?
            Certamente que a entrada militar russa na Geórgia foi desproporcionada. Vencido o poder militar georgiano deram-se às exibições de “músculos” para fazer ver que faziam o que queriam. Já dos exemplos da Chechénia sabemos que o exército russo não é muito disciplinado nem muito preciso, com os custos inerentes para a população civil. No entanto, o apoio quase total ao governo de Tbilissi, por parte dos países Ocidentais, pode aumentar a tensão na região. A Rússia poderá (algumas afirmações de pessoas autorizadas leva a crer que seja assim) reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, mais não seja, invocando a posição de muitos outros países no caso do Kosovo. Aí as coisas ficam politicamente complicadas.
            Saakachvili acusou alguns países europeus de terem culpas no que aconteceu, por não terem admitido a Geórgia na NATO, já em Maio. É claro que quando as coisas correm mal têm que se dar as culpas sempre a alguém, mas o que é que o presidente georgiano quer dizer com isso? Se a Geórgia fosse membro da NATO, não me parece que ele se sentiria menos “seguro de si” para atacar Tskhinvali. E depois? A Rússia iria ficar quieta para não se meter com a NATO. E se não ficasse? A NATO iria ficar quieta para não se meter com a Rússia. E se não ficasse? É melhor não continuar porque depois não ficava cá ninguém para contar como tinham sido as coisas. O que eu quero dizer é que me parece que há uma grande irresponsabilidade na maneira como a NATO tem dado apoio à Geórgia, com os problemas que tem por resolver e com o regime que tem. Corre-se o risco de, em vez de a NATO dar garantias de poder manter a paz, com o seu apoio, acaba por dar motivações para que um seu membro (presente ou futuro) se sinta forte para ir provocar uma guerra.
            O Cáucaso tem uma série de situações complexas. O trabalho importante a fazer seria convencer as várias partes em litígio que devem sentar-se à mesa e começar a dialogar. Demorarão o tempo que for preciso. Tomar partidos em conflitos étnicos deixa pouca margem para se ter razão.

            O Cáucaso tem ainda uma agravante em relação aos Balcãs, que tantos problemas já deram. É corredor de passagem para o petróleo e (no futuro próximo) o gás do Cáspio, e talvez (também no futuro) da Ásia Central. Este factor cria urgências e interesses que, frequentemente, não ajudam a encontrar soluções razoáveis.



publicado por edguedes às 17:18
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Sábado, 23 de Agosto de 2008
NÃO HÁ PERDÃO PARA KHODORKOVSKI

 

No meio das tensões que se continuam a viver cá por estes lados, devido ao conflito relacionado com a Ossétia do Sul, não se tem dado grande importância ao caso Khodorkovski. O facto é que Mikhail Khodorkovski (o ex-patrão da Yukos, ex homem mais rico da Rússia, etc.) viu recusado o requerimento dos seus advogados para que fosse posto em liberdade condicional provisória. Khodorkovski cumpriu mais de metade da pena de oito anos que lhe foi dada, por fuga ao fisco, burla, etc. Teoricamente poderia sair em liberdade se fosse confirmado o bom comportamento na cadeia e... se não estivesse a decorrer o segundo processo contra ele, mas esta seria outra questão. A decisão do juiz diz respeito só à condenação pronunciada precedentemente. No entanto, o juiz recusou, ao que parece, com base nos relatórios das autoridades da colónia penitenciária onde Khodorkovski cumpre a sua pena normal, e do estabelecimento de prisão preventiva, onde tem estado ultimamente, na cidade de Tchita, onde está a decorrer o segundo processo contra ele e o seu sócio Platon Lebedev. De acordo com as autoridades prisionais, Khodorkovski deve cumprir a pena até ao fim. O ex-milionário foi alvo de quatro advertências, em geral por motivos ridículos, mas três destas foram anuladas pelo tribunal e da quarta já caducou o tempo em que deve ser tida em consideração. Mas os chefes dos serviços prisionais argumentam que Khodorkovski “não se arrependeu” e por isso não deve ter direito à liberdade condicional provisória.
Os advogados e o próprio Khodorkovski parece que não alimentavam ilusões de que a causa pudesse ser vencida. “Embora isto não tenha nada a ver com a lei e a justiça, era o que estávamos à espera”, afirmam os advogados de Khodorkovski. “Usando um motivo formal e factos não comprovados, o tribunal recusou a liberdade condicional provisória de Mikhail Khodorkovski”. O que segundo os advogados é um sinal de que “os tempos em que a lei e a justiça podem ser respeitados (na Rússia), ainda não começaram, não obstante as palavras conhecidas e a posição clara do presidente Dmitri Medvedev”. Recorde-se que durante a “campanha eleitoral”, Medvedev afirmou que pretendia pôr termo às decisões dos tribunais obtidas “por dinheiro ou com telefonemas”. Por telefonemas entende-se que seriam certamente de altos funcionários... Segundo o advogado de Khodorkovski, Iuri Schmidt, por detrás do processo contra a Yukos estaria Igor Setchin, actualmente vice-primeiro-ministro (o primeiro-ministro é Vladimir Putin) e, anteriormente, vice-chefe da Administração do presidente (Putin). Setchin é também presidente do Conselho de Administração da Rosneft, a companhia petrolífera estatal, à qual foram parar uma boa parte das empresas do grupo Yukos.


publicado por edguedes às 16:37
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