as coisas que conta um português que anda pela Rússia
Quarta-feira, 24 de Setembro de 2008
INGUCHÉTIA

 

 

A república da Inguchétia é uma das mais pequenas regiões da Federação da Rússia. É uma das repúblicas do lado norte do Cáucaso e confina com a Chechénia e com a Ossétia do Norte. No Cáucaso não faltam regiões problemáticas, mesmo deixando de lado o que se passa do lado sul na Abkházia e na Ossétia do Sul. No entanto, parece que o território onde a instabilidade é mais notória nos últimos tempos é mesmo a Inguchétia. Quase diariamente há notícias de atentados. Quase diariamente, e sem notícias, desaparecem pessoas, em geral homens. O poder local e o presidente Murat Ziazikov, são alvo de um descontentamento generalizado. Moscovo faz de conta que não ouve as vozes da oposição inguche, e mantém a aposta no pouco popular Ziazikov (os governadores e presidentes das regiões russas são nomeados pelo presidente russo). Ludmila Alexeeva, presidente da Federação Internacional de Helsínquia para os direitos humanos, uma das figuras mais relevantes no âmbito da luta pelos direitos dos cidadãos, desde os tempos soviéticos, comentou o que viu e ouviu na semana passada na Inguchétia.  “Na Inguchétia há casos de assassínio de polícias e funcionários, e a resposta das autoridades para combater esses crimes é o sequestro de cidadãos civis”, explica em síntese  Ludmila Alexeeva. 

 

“Se há guerra civil, percebe-se que quem anda com armas à noite, de dia apresenta-se como um cidadão pacífico. Pode ser essa a justificação de quem faz essas coisas. Mas num estado de direito, se uma pessoa é suspeita de acções terroristas, vêm com os documentos correspondentes, prendem-no, fazem-se investigações, recolhem-se provas, depois vai a tribunal e só então é que se determina a pena. Na Inguchétia não é assim. Vão a casa, ou apanham-no pelo caminho, às vezes matam-no logo, às vezes levam-no para outro lado, sem explicar aos parentes para onde e porquê. Às vezes encontram os cadáveres, outras não se encontra de todo”. Ludmila Alexeeva cita dois relatórios, um da organização de defesa dos direitos humanos “Memorial”, outro da “Assembleia Popular” da Inguchétia, de certa forma um parlamento paralelo da oposição, “que dizem que não existe, mas o relatório existe”. Depois de ter falado com um grande número de pessoas, desde o presidente Ziazikov até às esposas e mães das vítimas, Ludmila Alexeeva diz que “o que se passou anteriormente na Chechénia e que agora se está a passar na Inguchétia, é o mesmo que se passou em todo o país no ano de 1937. É o terror do Poder central contra a população”. Para citar um caso conta que viram “um colaborador de uma organização para defesa dos direitos humanos, o qual esteve detido só quatro horas depois de o terem apanhado. Ele tinha uma fractura na perna, uma fractura num braço, um traumatismo craniano grave, os rins espancados, e muitos hematomas de pancadas fortes. Isto em 4 horas. Nenhum combate ao terrorismo pode explicar e justificar este tipo de acções por parte das autoridades”. “Falei com mulheres a quem mataram parentes... eu conto só das duas últimas. Duas mulheres novas. Uma era tão jovem que eu pensei que ela ainda andava na escola... Eram casadas com dois primos (entre si). Os maridos iam num carro para qualquer lado e viram a estrada bloqueada por blindados. Eles logicamente deram meia volta. Abriram fogo sobre o carro deles, rebentaram os pneus e mataram um dos que ia no carro. O segundo ficou ferido. Ele saltou para fora do carro, com as mãos no ar e gritou “vêm que estou desarmado, não disparem”. E disparam e matarem-no. Houve testemunhas e contaram-lhes como tinham morrido os maridos delas. Uma das mulheres tem três filhos e a outra, que parecia ainda de escola, casada há dois anos, tem uma criança de um ano, e está à espera de outro. Vai nascer já órfão. Porquê?”

Ludmila Alexeeva diz que fez as mesmas perguntas a toda a gente, desde o presidente até aos populares. “Quem comete atentados contra polícias e funcionários? E quem, para além de todas as leis e de todas a normas, trata assim os cidadãos da Inguchétia”. “Devo dizer que as respostas foram idênticas”, afirma a defensora dos direitos humanos. “Nesta república existem grupos terroristas clandestinos que matam polícias e funcionários”, é a resposta ouvida para a primeira pergunta, enquanto que para a segunda: “não são as autoridades locais, são os Federais”. Os federais seriam o FSB (Serviço Federal de Segurança) e a “brigada móvel”, como são designadas as tropas federais que se encontram naquela república sob a dependência do FSB.

            Uma das respostas que obtiveram do presidente Ziazikov, quando lhe perguntaram o que se passava com os “desaparecidos” foi que não sabia “porque essas pessoas não são detidas por nós, levam-nos da Inguchétia para Vladikavkaz (Ossétia do Norte), é outra república e por isso eu não lhe posso dizer o que fazem com eles”. A este propósito deve-se lembrar que entre ingúches e ossetas houve uma verdadeira guerra em 1992, por causa da minoria ingúche que vive na Ossétia do Norte, e de disputas territoriais. Os ódios não estão esquecidos e a tragédia de Beslan, há quatro anos, levou a situação de novo quase ao rubro. No Cáucaso em geral, e a Inguchétia não é excepção, existe a tradição da “vingança de sangue”. Se mataram um teu parente tens de matar o autor do crime. A cadeia das vinganças pode ir muito longe e os defensores dos direitos humanos consideram que uma tarefa prioritária e conseguir o diálogo e pôr termo às “vinganças”. “Mas é necessário que se acabe com os sequestros e haja transparência”

 

EVLOEV

            O caso mais clamoroso foi a morte de Magomed Evloev, proprietário do portal Ingushetya.ru, actualmente o principal órgão de comunicação da oposição. Foi levado pela “polícia”, à chegada ao aeroporto local, saído de um avião em que ia também o presidente Ziazikov. Passada meia hora, Evloev foi deixado à porta do hospital com um tiro na cabeça.

A versão oficial é que foi morto acidentalmente por “descuido na manipulação de armas”. A família e colegas de Evloev, dizem que o crime foi planeado e que por detrás está o presidente Ziazikov e o ministro do Interior (da Inguchétia), Mussa Medov. De acordo com o pai da vítima, Iakhia Evloev, “eles pretendiam liquidar o meu filho, por causa da sua actividade política e por a sua posição não estar de acordo com a posição do presidente. Ele denunciava a corrupção, execuções sem julgamento, exigia que fosse cumprida a Constituição. Por isso odiavam-no. Recebeu várias vezes ameaças. Como pai, eu tentei várias vezes travá-lo nestas iniciativas. Eu conheço as nossas autoridades e eles são capazes de tudo, podem ir até à tua eliminação”.

“À uma e dez saiu do avião, e às 14.05 deixaram-no à porta do hospital mortalmente ferido. Há testemunhas que dizem (não sei se depois o vão dizer em tribunal, mas a nós disseram-nos) que para o automóvel do ministro telefonou a brigada que tinham levado o meu filho, dizendo “demos cabo dele”. O ministro respondeu “deixem-no no hospital e venham imediatamente ter comigo”. E disseram que viram esses assassinos, sujos ainda de sangue chegar ao gabinete do ministro e aí começaram a estudar as versões que deveriam contar. Nenhum deles foi detido, quando que em circunstâncias normais deveriam ter sido logo detidos, deveriam ter sido confiscados os telemóveis, estudados os telefonemas”.

            Iakhia Evloev diz que não proclamou a “vingança de sangue”, mas procura por meios legais obter a punição dos culpados. O portal Ingushetya.ru publicou a lista das pessoas que, segundo uma investigação paralela, conduzida por parentes e amigos de Evloev, estariam envolvidas na morte de Mogamed. A investigação oficial parece que não está interessada em explorar essa versão.



publicado por edguedes às 14:48
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Sábado, 20 de Setembro de 2008
COMENTÁRIOS SOBRE O AFEGANISTÃO

  

            Numa entrevista a um jornal russo (Nezavissimoe Voennoe obozrenie – Panorama Militar Independente) o embaixador da Rússia no Afeganistão, Zamir Kabulov, diz que os americanos e a NATO conseguiram repetir todos os erros cometidos pela URSS na guerra do Afeganistão e começaram a fazer alguns novos. O embaixador cita alguns dados: em 2005 no Afeganistão havia 27 mil soldados da NATO, em 2006 eram 40 mil, em 2007 já havia 50 mil. Mas a instabilidade não diminui. Agora já as províncias ao redor de Kabul fazem parte da “zona de instabilidade”, que abrange já a maioria do território, enquanto que há três anos atrás se limitava a uma região do sudeste do país. Kabulov afirma que a estratégia dos EUA e da NATO é desastrosa. Depois das principais operações militares, os talibãs não fugiram mas “dissolveram-se” no meio da população. Quando começou a “democratização” do Afeganistão, os EUA tentaram levantar a economia do país mas depararam-se com problemas gravíssimos, como a corrupção, a ausência de um aparelho administrativo, falta de quadros, etc. Enquanto os aliados Ocidentais perdiam tempo os talibãs foram-se organizando. “Os talibãs viram também que os americanos passaram muito sérias dificuldades no Iraque, e perceberam que são (os EUA) um gigante com pés de barro, que pode ser batido”. O diplomata afirma que os afegãos não gostam dos talibãs, por causa do islão radical, mas com a nova administração do país não estão a viver melhor. Isso leva a que alguns estejam dispostos a defender os seus direitos pela força, e os talibãs têm sabido aproveitar esta disposição. “Eles dão trabalho, não roubam os vendedores e os pequenos empresários locais”, diz o embaixador, precisando ainda que “além disso, a propaganda deles é mais eficaz dos que a do Ocidente”. Os talibãs aprendem depressa, não têm complicações burocráticas e mudam facilmente de táctica. “Eles aperfeiçoaram a táctica dos ‘modjahed’ e conseguem com armas simples abater um helicóptero militar. Agem de forma eficaz e os americanos reagem com atraso. Não consegue fazer mais nada senão bombardeamentos a tapete, o que provoca novas vítimas entre a população, e cria novos recrutas para os talibãs”, comenta o diplomata.

            Agora os EUA vão mandar um reforço de 4 mil soldados. A guerra já levou a algumas operações no Paquistão, ao que parece, devidamente autorizadas pela Casa Branca, contra as quais se insurgiu ainda hoje o novo presidente do Paquistão. O atentado de hoje de Islamabad, pode ser mais um sinal de que as tensões do Afeganistão se estão a estender ao país vizinho.



publicado por edguedes às 20:21
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Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008
GORBATCHOV RECOMENDA CALMA

 

 

O ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, aproveitou o facto de se encontrar nos EUA para receber a “Medalha da Liberdade”, para criticar algumas posições de Washington em relação à Rússia. O ex-líder soviético recomendou à secretária de Estado Condoleezza Rice “mais calma e mais responsabilidade nas suas avaliações”. De acordo com Gorbatchov, as relações entre os dois países “não estão a viver os tempos melhores, mas este período passa”, e aconselhou a agir em vez de se atrapalhar. “Agir significa dialogar”, sublinhou o homem da “perestroika”, “É preciso não perder os contactos e manter a confiança que se conseguiu criar”. Condoleezza Rice tinha acusado Moscovo de “impulsos agressivos paranoicos” e afirmou que “a Rússia se está a tornar mais autoritária dentro de casa, e mais agressiva fora”. A secretária de Estado afirmou ainda que “os líderes russos, com as suas escolhas, estão a colocar a Rússia no caminho dum isolamento auto-imposto e de irrelevância internacional”.

 No seu discurso, por ocasião da entrega do prémio, Gorbatchov chamou a atenção para a ameaça da “militarização da mentalidade política”, explicando que o mundo não conseguiu tirar partido das vantagens obtidas com o fim da guerra fria, e milhões de pessoas vivem com menos de 2 dólares por dia, sem ter água potável e sofrem por causa das guerras e do peso da corrida aos armamentos. “Não encontrando respostas para os desafios globais, os políticos, frequentemente, agarram-se às armas. Não há nada de mais absurdo e contraditório do bom senso conquistado pela humanidade”, afirmou. O ex-presidente declarou ainda que há “um défice de vontade política e de liderança política”.



publicado por edguedes às 10:22
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Quinta-feira, 18 de Setembro de 2008
COMENTÁRIO À CRISE

 

Evgueni Iassin, ex-ministro da Economia, no tempo de Boris Ieltsin, de orientação liberal, publicou hoje um artigo sobre a crise económica. Eis alguns extractos:

 

“Não queria, nesta altura, dar recomendações concretas. Só as pessoas pouco sérias assumem esse papel”

“Os parâmetros estratégicos da crise de hoje são muito sérios... Na economia mundial estão a dar-se movimentos tectónicos de dimensão planetária, ligados, em primeiro lugar, ao crescimento da Índia e da China...”

“... Na Rússia a economia desenvolveu-se por outras vias. A Rússia foi inundada pelo petróleo, apareceu muito dinheiro e, com este, a mania das grandezas. Não houve decisões de fundo como preparação para o que pudesse vir a acontecer, se a situação piorasse. As importações estão a crescer mais depressa do que as exportações, e não é de excluir que, a certa altura, a balança de pagamentos e a balança das operações correntes se desequilibrem para o lado negativo...”

“... Relativamente ao que se passou (agora), aos processos que estão a ocorrer na economia mundial, as autoridades russas acrescentaram alguns passos, e na direcção que, em vez de abrandar, acelera a crise. É a pressão sistemática sobre a actividade empresarial. Já não falo do famoso caso da companhia “Metchel”. Ainda antes disso, houve o ataque aos que aumentaram o preço do leite, da gasolina e do querosene para os aviões. Houve o ataque ao “Arbat Prestige”, o que não pode deixar de influenciar outras companhias. Seguiu-se o caso “Rusneft”, agora estão a “trabalhar” as empresas “Euroset” e “Air Union”. Ninguém percebe o que é que se está a passar, mas desconfia-se de “redistribuição da propriedade” (situação em que se obriga um proprietário a vender, para outro poder comprar a um preço conveniente)... No fim de contas, o capital foge do mercado de acções.”

“O conjunto destas causas e a falta de preparação da Rússia para as dificuldades, reuniram as condições para a situação que temos hoje... Aqui extraem-se petro-dólares, e nós habituamo-nos a isso e não queremos nem sequer pensar que se iniciaram tempos mais perigosos....

Eu não confirmo que a crise seja das proporções da de 1998, mas para as grandes empresas vai ser muito significativa, porque essas recebiam crédito de todos os lados... Agora vai ser preciso devolver esse dinheiro, a liquidez vai ser insuficiente, os meios não estão preparados para isso.”

“Eu gostaria que hoje houvessem algumas alterações no mercado... Mas a crise ainda não chegou ao fundo. Eu já tinha dito que o fundo é quando o índice RTS chegar a 600 pontos, que é o valora a que chegou quando prenderam Mikhail Khodorkovski (presidente da Yukos)...”



publicado por edguedes às 13:35
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PUXÃO DE ORELHAS

 

 

Em finais de Agosto (29), na sua residência em Sochi, Vladimir Putin recebeu os representantes de alguns órgãos da comunicação social da Rússia, entre os quais o chefe de redacção da rádio “Ecos de Moscovo”, Alexei Venediktov.  “Ecos de Moscovo” (EdM) é considerada um dos poucos baluartes que ficaram da informação livre. De acordo com o que foi referido por alguns dos presentes, Venediktov foi “chamado à pedra”. Putin mostrou-lhe a gravação de extractos de reportagens feitas durante a guerra na Geórgia. “Você vai ter que responder por isto”, ter-lhe-ia dito Putin. Segundo informações da Imprensa russa e não só, já houve algumas medidas de “segurança” na EdM, para evitar críticas ao governo que ultrapassem os limites da tolerância. Na opinião de várias pessoas ligadas à informação, a guerra da Geórgia vai trazer um novo aperto na pressão que se mantém sobre os órgãos de comunicação.

            A propósito da liberdade de expressão na Rússia, durante os dois mandatos de Putin, deixo aqui alguns extractos duma entrevista que fiz a Alexei Venediktov há cerca de um ano.

 

 “O problema número 1 é absolutamente jurídico, durante a presidência de Putin, em várias leis que diziam respeito aos meios de comunicação, foram tomadas cerca de 40 emendas, em diferentes leis, lei sobre a publicidade, lei sobre as eleições, lei sobre os meios de comunicação, lei sobre o combate ao terrorismo, em todas estas leis havia pontos que diziam respeito ao jornalismo. Todas estas 42 emendas foram repressivas em relação aos jornalistas. Todas as 42 emendas limitam a possibilidades de trabalho dos jornalistas e limitam a possibilidade de o público receber informação. Não houve nenhuma emenda a uma lei que tivesse alargado as possibilidades de fazer chegar a informação às pessoas. Este é um facto objectivo. Este é o primeiro ponto, e daqui é fácil perceber que as nossas possibilidades durante estes 8 anos diminuíram. O segundo ponto consiste no facto que a prática mostra que os casos em tribunal do Poder contra os jornalistas, dos governadores contra os jornalistas, dos presidentes da câmara contra os jornalistas, dos deputados contra os jornalistas, em quase 95% dos casos, levam à derrota dos jornalistas. Isto não é só porque aqui os jornalistas trabalham mal, é a prática jurídica que assumiu uma atitude negativa em relação à liberdade de imprensa. No entanto, todos os casos que os jornalistas levam ao Tribunal Europeu, vencem, todos, 100%. Parece-me que houve 8 casos de jornalistas, durante estes 8 anos, 7 ou 8 casos, e todos ganharam, enquanto que na Rússia perderam. Isto são factos. O terceiro ponto é o domínio do Estado sobre a televisão. Quando Putin chegou ao poder, na Rússia havia 4 canais estatais, ou semi-estatais, e dois privados (em seis). Agora todos os seis canais de âmbito nacional são controlados pelo estado ou por entidades quase estatais. Eis três factos objectivos, não é uma opinião minha nem uma minha avaliação, são factos. Naturalmente tudo isto reflecte a relação pessoal do presidente para com o jornalismo. Quando Putin chegou ao poder encontrámo-nos, e falámos muito, sobre o papel dos jornalistas, sobre o papel do poder e sobre o papel da Rússia, e eu fiquei com a impressão que Putin, sinceramente, isto é muito importante, sinceramente, pensa que os jornalistas são um instrumento. Não são uma instituição da sociedade, mas um instrumento do proprietário. Se o proprietário é bom, então o instrumento... por exemplo um machado, serve para construir uma casa. Mas se o proprietário é mau, então o instrumento, o machado, pode matar. Para Putin, a propriedade dos jornalistas e do jornalismo são um meio para atingir um fim, muito nobre, a grandeza da Rússia, a unidade da Rússia, não importa. Nesta relação de Putin (com o jornalismo) como um instrumento, baseia-se tudo aquilo de que eu falei antes. Um mau instrumento é deitado fora, NTV... Isto é objectivo, não há aqui nenhuma opinião, são factos...”

“...Eu penso que uma das causas principais pela qual a EdM continua a existir é que, ao contrário da televisão, nós não somos uma ameaça eleitoral para Putin, e Putin percebe isso bem. Nós não somos uma estação da oposição, somos uma estação da informação. Não fazemos guerras de informação, não apoiamos nenhum partido nas eleições, nem os de esquerda, nem os de direita, nem os do centro. Somos uma estação de informação e Putin sabe bem isso. Nós não podemos influenciar a massa dos eleitores, temos como ouvintes, em toda a Rússia, cerca de 2,5 milhões todos os dias. Não são assim tantos em comparação com cem milhões de eleitores, não somos uma ameaça. Em terceiro lugar, nos nossos estatutos está escrito de maneira muito clara que pela política da redacção responde só o redactor chefe. Por isso eu só o único ponto onde se pode fazer pressão. Nem os accionistas, nem o conselho de directores, nem o director geral, só o redactor chefe. É assim que está escrito nos estatutos. Como os jornalistas da EdM têm um pacote de acções que é suficiente para bloquear, e a Gasprom não pode alterar os estatutos sem o nosso acordo – eles têm 66% e nós 34% - para mudar os estatutos são necessários 75%...”

“... Por isso, alterar os estatutos não se pode, e por isso o único ponto de pressão sou eu. Não se pode obrigar os jornalistas a fazerem uma coisa qualquer, porque sempre que alguém telefone a querer qualquer coisa a resposta é “telefone ao redactor chefe”. Mas os meus telefones funcionam mal... As ligações são péssimas... E ainda outra coisa. Sem dúvida, nós somos a montra para o Ocidente, para a opinião pública ocidental, para mostrar que na Rússia existe liberdade de expressão. E eu sei que, sempre que apresentam queixas a Putin, da parte dos parceiros da Europa ocidental, da UE e dos americanos, ele cita a EdM, “todos vocês passam pela EdM”, que me criticam livremente, etc. Deste ponto de vista ainda somos cómodos. Portanto, há um complexo de causas.

“Por isso quando vêm alguns parceiros de Putin, nós temos sempre prioridade para as entrevistas. Se vem a Condoleezza Rice, o primeiro-ministro da GB, ou Barroso, a EdM é sempre a nº 1. Há uma piada que me contou Jacques Chirac. Antes quando se vinha à União Soviética, havia sempre 3 pontos onde tinham que ir os altos convidados: o Kremlin, o Mausoléu, e o Bolchoi. ‘Agora no lugar do Mausoléu estão vocês. Kremlin, EdM e Bolchoi’.”

 



publicado por edguedes às 12:25
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Quarta-feira, 17 de Setembro de 2008
A QUEDA CONTINUA

 

 

 

Na Rússia a bolsa continua a dar fortes sinais de crise. Depois de uma pequena subida nas bolsas ao princípio da manhã, seguiu-se uma queda foi mais abrupta do que ontem. Como se vê do índice RTSI, ao meio-dia tiveram que suspender as transacções para evitar a catástrofe. Os dois sistemas de transação de Moscovo, MMVB e RTS, encerraram precisamente às 12.10 (sempre hora de Moscovo, mais três do que Portugal). Mas o ministro das Finanças continua a dizer que não há razões para alarmes. “As medidas que tomámos deverão amortecer a mudanças de choque”, afirmou Alexei Kudrin, que acha que “o sistema bancário se vai adaptar a um novo custo dos recursos, outras exigências, a uma certa diminuição de meios no mercado, à impossibilidade de poder continuar a receber crédito do estrangeiro na medida que era antes e terá de reorganizar-se no que respeita aos seus planos de crédito”. O ministro admite que essa reorganização vai exigir tempo. O ministro afirma que não se vão criar situações de “não pagamento” e que o estado “garante os depósitos bancários dos cidadãos”. O estado vai assegurar 33 mil milhões de dólares aos bancos para melhorar a liquidez do mercado que, como admitiu o ministro, “no momento presente é insuficiente para alguns bancos”. Das palavras de Kudrin percebe-se que o estado vai dar dinheiro ao Sberbank (equivalente à CGD) ao banco VTB, e ao Gazprom bank. O Sberbank continua a ser um dos mais “castigados” pela crise, e as suas acçõe voltaram a cair nas duas bolsas 21,5% (RTS) e 26% (MMVB).Um banco russo, o “KIT Finance”, parece já estar em grande dificuldade. Não pode manter os compromisso de REPO (de repurchase agreement - emissão de obrigações com compromisso de comprar novamente), e informou que está em negociações com um investidor. 

Entretanto o director do Banco Mundial, Klaus Roland, afirmou que a Rússia estava bem preparada para enfrentar a crise e que nos tempos “próximos” a coisa se vai resolver. “Dentro de alguns meses, analisando os acontecimentos de agosto-setembro, e graças a medidas tomadas com bom senso,  todos os problemas vão ser resolvidos”. Valha-nos o optimismo...

 



publicado por edguedes às 12:24
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Terça-feira, 16 de Setembro de 2008
O ESPECTRO DA CRISE DE 1998

 

 

Também a bolsa de Moscovo entrou em queda livre trazendo recordações do que se passou no verão de 1998. Nessa altura, o sistema financeiro russo tentou resistir a pressão internacional emitindo obrigações do Banco Central com elevadas taxas de juro, que foram subindo até ao “crash” final. Hoje a queda na Bolsa de Moscovo fez recordar esses tempos. Os observadores consideram que uma tal baixa em tão pouco tempo não se via desde o “default” de agosto de 1998. Durante a manhã as principais cotações tiveram perdas da ordem dos 6-10%. A meio do dia o índice RTSI parecia dar mostras de retoma, mas depois foi o descalabro. O índice da bolsa de Moscovo MMVB também entrou em queda livre a partir das 15.10. As operações em ambas as bolsas foram encerradas por volta das cinco da tarde (na MMVB às 17.42 na RTS às 17.00). O índice tinha caído 8% em relação ao valor do dia anterior. Entre a acções que perderam mais valor estão a de grandes bancos: VTB caiu 30% e o Sberbank (equivalente à CGD) desceu 24%. Há outras indicações de falta de liquidez dos bancos, onde as taxas de juro estão a disparar. Depósitos “overnight” atingiram um rendimento de 11%. Segundo alguns observadores a posição das autoridades está muito passiva defronte a uma situação que se apresenta já bastante grave. Há quem pense que já não é só o efeito da crise internacional. “Os mercados internacionais têm tido quedas de 2-3%, nós estamos a ter 5-10%, e hoje já forma 15%”, conforme comentou um especialista da bolsa à agência Interfax. “Nós não temos dúvidas de que as almofadas de segurança criadas funcionarão”, adiantou Vladimir Putin a propósito da situação de crise dos mercados.

            Pode ainda haver uma reacção popular. Não é de excluir que as pessoas comecem a levantar dinheiro dos bancos, o que irá agravar a situação. Ainda todos se lembram bem dos que se passou à dez anos, por isso eu não me admiro se amanhã começarem a haver filas à porta dos bancos.



publicado por edguedes às 20:59
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Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008
ECOS DO CASTELO

                    

 


“Mein Dorf” é o nome, bastante 'europeu', por sinal, da modesta residência oficial do presidente Dmitri Medvdev. Isto porque Vladimir Putin ficou com a residência anterior (Novaia Ogariova). Em “Mein Dorf” realizou-se, na segunda-feira, o encontro de Medvedev com a “troika” europeia por causa da situação no Cáucaso. Os resultados das negociações foram já amplamente divulgados, mas há algumas conversas de corredor que se apresentam curiosas, e que dizem respeito exactamente ao papel da UE. Pela parte russa o encontro foi anunciado como cimeira “Medvedev – Sarkozy”.... com a presença de Durão Barroso e Javier Solana. Na tenda, que ergueram no jardim do castelo para a conferência de Imprensa, foram colocadas, inicialmente, bandeiras russas e francesas (só). Nada de referência à UE. 

 

Já depois da chegada da “troika” e com as negociações em curso é que chegaram as instruções para colocar, também, a bandeira da UE. No entanto, durante a conferência de Imprensa, a “modalidade” apresentada foi que haveria só quatro perguntas. Duas do dos jornalistas russos e duas dos jornalistas franceses.

 

 

 

 

 

 

 

 

Os comentários que circulavam a este respeito é que a Rússia não vai insistir muito nas relações com a UE, nos próximos tempos. As coisas complicaram-se com as posições de alguns membros, e enquanto as decisões tiverem que ser tomadas por unanimidade, vai aparecer sempre, ou quase, quem esteja disposto a meter um pau na roda da bicicleta.

 

Além disso, no próximo ano haverá duas presidências “duras” em relação a Moscovo: a República Checa e a Suécia. Pensa-se que, mesmo se por motivos diferentes, ambas vão ter uma atitude “muito exigente” para com a Rússia. Sendo assim, Moscovo prefere as relações bilaterais com as capitais europeias, para negociar contratos de gás e outras coisas.

 

 

No entanto, notei que, ao contrário da “fofocas” dos jornalistas e diplomatas, no dia seguinte, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, pôs em relevo o papel da UE na procura de soluções para a crise do Cáucaso. Talvez seja a estratégia de “uma no cravo a outra na ferradura”.



publicado por edguedes às 10:17
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Terça-feira, 9 de Setembro de 2008
NA ABKHÁZIA

Aqui ficam algumas notas e fotografias de uma viagem à Abkházia, a região separatista da Geórgia que, recentemente, a Rússia reconehceu como república independente.

Para entrar na Abkházia, voámos até Sochi, na costa russa do mar Negro, e depois passa-se a única fronteira aberta do país que só a Rússia e a Nicarágua reconheceram.

 

 

Fotografia feita à sucapa na fronteira. Os russos proíbem fotografias em "locais estratégicos" como as fornteiras.

 

A escrita é em língua abkhaze, em russo e em inglês.

Em abkhaze "APSNI" significa "terra (ou país) da Alma"

 

 

 

 

 

 

 

A natureza é encantadora. A vegetção intensamente verde, não obstante o verão adiantado, que cobre montanhas que se estendem quase até ao mar.

Durante as duas horas da viagem, desde a fronteira até Sukhumi, Laura Charova, que é uma guia turística, falou sem interrupção, contando tudo, desde a história da Abkházia, às frentes das guerra de há 15 anos atrás.

 

 

 

Em contraste com a natureza, por toda a parte, casas abandonadas, meio destruídas, com marcas da guerra entre abkhazes e georgianos, que por aqui passou quase há década e meia.

 

No entanto, tem-se a impressão que o encanto natural desta terra "esconde" os frutos dos ódios humanos .

 

 

 

 

 

 

 

Os abkhazes dizem que já vivem nesta terra há 26 séculos e, não obstante invasões e integrações em outros estados, conseguiram sempre salvar a sua identidade nacional.

Dizem que nunca pertenceram à Geórgia (enquanto país independente). Foram integrados na Geórgia nos tempos de Estaline, e nessa altura foi eliminada a elite abkhaze, foi proibido o ensino da língua e, conforme eles dizem, foram transferidos para a região muitos georgianos.

Em 1992, para evitar a declaração da independência da Abkházia a Geórgia mandou o exército. Foi o início da guerra, que terminou em Setembro de 1993, com a expulsão dos georgianos, tropas e civís.

 

 

A linha do caminho de ferro, outrora unia a Rússia à Geórgia e prosseguia para a Arménia e Azerbaijão. Agora, recomeçou a funcionar, mas para na fronteira da Abkházia com a Geórgia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sukhumi, a capital, parece um jardim. Isto se não olharmos muito para as casas. A natureza aqui domina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A sede do governo.

Nos tempos da URSS, era só a sede da união dos sindicatos. Como o edifício do governo ficou muito danificado durante a guerra, os dirigentes tiveram que se contentar com este.

 

 

 

 

 

 

 

 

O governo diz que a recontrução, ou recuperação da antiga sede do governo é demasiado cara para as condições financeiras da república. Por isso, há 15 anos que isto está assim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sukhumi, e outras localidades da costa da Abkházia, eram a meta preferida da elite soviética. Não é para admirar, se a temperatura da água do mar chega aos 30º e têm duzentos e tal dias de sol.

 

Agora tudo parece um bocado deserto, mesmo se eles dizem que o turismo está a retomar.

 

 

 

A sede dos observadores da ONU, na Abkházia. A maior parte do território vive numa calma relativa, desde o final da guerra. Há no entanto, regiões onde, de vez em quando, georgianos e abkhazes, trocam alguns tiros e outras gentilezas. Em agosto, quando os russos entraram na Ossétia e na Geórgia, os abkhazes (apoiados pelos russos) abriram uma segunda frente, e expulsaram as tropas georgianas que estavam na parte alta do vale do Kodor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A economia local é fracota. A eperança é o turismo. Vendem frutas e outros produtos da terra. Na época das tangerinas exportam para a Rússia, com meios de transporte rudimentares, e quando os guardas os deixam passar. Entretanto vai-se vendendo alguma coisa a quem passa na estrada.

 

 

 

 

 

Gagra, ao princípio da noite. É a cidade que se encontra mais perto da ffronteira russa, e uma das regiões onde o contraste entre os montes e o mar é mais marcante.

 

 

Como me dizia Djulieta Gregorian, uma armena nascida em Sukhumi, "o importante é que haja paz". Parece que com as carências se pode viver, com a guerra é que não.

 

 



publicado por edguedes às 19:19
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Quinta-feira, 4 de Setembro de 2008
OSSÉTIA DO SUL

No princípio desta semana tive a ocasião de me deslocar à Ossétia do Sul, nomeadamente a Tskhinvali, onde os bombardeamentos e combates de 8 a 12 de Agosto deixaram marcas bem profundas. Espero poder arranjar algum tempo nos próximos dias. Entretanto ficam algumas impressões da máquina fotográfica com alguns comentários.

 

Pelas montanhas do Cáucaso passa a estrada que vai da Ossétia do Norte (Federação da Rússia) para a Ossétia do Sul. As montanhas são belíssimas, a contrastar com obras de engenharia mal acabadas, que se eencontram a cada passo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entre curvas e túneis chega-se à fronteira. Depois há um túnel famoso, o de Roki. É a única passagem para transportes normais entre a Ossétia do Norte e a Ossétia do Sul. É a estrada que percorreram os tanques russos em meados de Agosto

 

 

 

Pelo caminha encontram-se várias colunas de carros armados, acampamentos militares russos de todas as dimensões. A guerra acabou, mas continua-se prontos para todas as eventualidades

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estrada que vai do túnel de Roki para Tskhinvali. Praticamente é a única estrada da Ossétia do Sul. Da parte montanhosa nas proximidades da fronteira, chega-se depois à planície.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

imagens de Tskhinvali. Não está toda destruída. É óbvio que se tende a fotografar as partes onde as marcas da guerra são mais profundas. Estas fotografias são do centro da cidade, do Parlamento e outras casas à volta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O edifício do Parlamento foi completamente destruído (ficaram só as paredes mestras) pelo fogo. Outros, à roda, apresentas sinais dos combates, buracos, vidros partidos, etc.

 

Alguns bairros foram particularmente atingidos. No entanto, as condições em que se encontravam algumas casas eram já precárias.

    Esta foi destruída pelos bombardeamentos do lado georgiano. Dizem que pelos sistemas que lançam "rockets" em série, dito "Grad". Nesta casa, onde não sobrou nada, não morreu ninguém. As pessoas tiveram tempo de se esconder numa cave de uma casa ao lado

 

 

 

 

 

O mesmo prédio de outro ponto de vista.

 

Parece que nesta casa viviam poucas pessoas, provavelmente porque a casa já não estava em grandes condições

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marina, à direita, vivia na casa que vemos em cima, a sua família são 6 pessoas. Todos se salvaram, refugiando-se na tal cave da casa ao lado. Agora vivem em casas de vizinhos.

 

Dizem que ali só morreu um homem que quis vir ver o que se passava cá fora e, nessa altura, caíu uma bomba

 

 

 

 

 

 

 

Zoia vivia numa casa ao lado, que também foi destruída. Ela refugiou-se na mesma cave com os vizinhos. Diz-nos que nunca tinha visto uma guerra assim: "bombas, aviões que faziam um barulho terrível". Parece que de guerra já tinha visto algumas. No dia em que a vimos estavo muito satisfeita porque o Ministério daa Situações de Emergência da Rússia lhe tinha dado uma tenda. Parecia que tivesse ganho uma casa.

 

 

 

Guiorgui que tem uns 10 anos, quis-me mostrar um bocado de um "rocket" que encontraram no meio das ruínas. "Um Grad", diz, como se fosse já especialista no assunto. O capacete diz tê-lo encontrado. "Alguém que se esqueceu dele"...

 

 

 

 

 

 

 

 

militares russos em Tskhinvali. Um acampamento improvisado foi instalado mesmo no centro da cidade.

 

 

 

 

Uma estátua "desfigurada" no centro de Tskhinvali. Parece um símbolo do que faz a guerra a uma terra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Era o dia 1 de Setembro. Por estes lados, é o dia em que começa a escola. Também na Ossétia as crianças "enfeitam-se" para o primeiro dia de aulas e acham que é dia de festa.

para quem passou há pouco tempo por uma guerra, é uma tentativa séria de voltar à vida normal.

 

 

As fotografias que se seguem vão sem mais comentários. É o que resta de algumas aldeias georgianas ao longo da estrada principal. Os ossetas dizem que estão assim poque houve combates ali. Os georgianos dizem que as milícias ossetas vieram expulsá-los das suas casas. Ali agora não vive quase ninguém.

 

                                      

                                                   



publicado por edguedes às 21:20
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