as coisas que conta um português que anda pela Rússia
Terça-feira, 30 de Dezembro de 2008
ALEXANIAN EM LIBERDADE CONDICIONAL

 O ex-vice-presidente da Yukos, Vassili Alexanian, foi hoje posto em liberdade condicional, uma vez que foi depositada a caução de 50 milhões de rublos, ou seja, cerca de 1,2 milhões de euros. No fundo, a “libertação” traduziu-se no facto que da enfermaria do hospital em que se encontra, foi retirada a guarda que o devia controlar 24 horas por dia. Os fundos para o pagamento da caução, como refere a advogada Elena Lvova, foram reunido com a ajuda de uma campanha organizada por apoiantes do ex-presidente da Yukos, Mikhail Khodorkoski e do ex-presidente do grupo Menatep, Platon Lebedev. Recorde-se que Alexanian considerou a decisão do tribunal, que impôs um tal montante, como “cínica e desrespeitadora da lei e do bom senso”. Alexanian sofre de SIDA em estado avançado e foi-lhe detectado um cancro do sistema linfático, quando já estava detido. Ao que parece foi-lhe detectada também tuberculose. O tribunal de Estrasburgo para os direitos humanos, tinha exigido a sua libertação no dia 22 deste mês. A autoridades russas preferiram ficar na sua e receber os 50 milhões de rublos. 



publicado por edguedes às 20:09
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Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008
ALEXANIAN. TRIBUNAL DE ESTRASBUSRGO EXIGE LIBERTAÇÃO

 O Tribunal Europeu para os Direitos Humanos, de Estrasburgo, exige a libertação imediata de Vassili Alexanian, o ex-vice-presidente da YUKOS, que se encontra sob prisão preventiva há quase três anos e que está gravemente doente. A decisão de Estrasburgo é que seja escolhida uma outra medida em relação a Alexanian que não compreenda a restrição de liberdade. No documento emitido pelo tribunal sublinha-se que em relação a Alexanian foram violados quatro artigos da Convenção Europeia para os Direitos Humanos, nomeadamente o artigo terceiro que garante que não seja tratado de forma desumana, o terceiro paragrafo do artigo quinto, que garante o acesso à justiça num prazo razoável, e o artigo oitavo que defende o direito à vida privada e familiar. Além disso o Tribunal acusa ainda o Estado russo de não ter cumprido as suas obrigações relativas às medidas provisórias que o Tribunal de Estrasburgo tinha decidido em 2007. Nessa altura, os juízes do Tribunal Europeu tinham exigido que Alxanian fosse transferido para uma clínica especializada para poder receber tratamento. Recorde-se que ele sofre de SIDA em estado avançado e foi-lhe descoberto, mais recentemente, um cancro do sistema linfático. “Tendo em vista as violações da Convenção por parte da Federação Russa, e a grave doença do arguido, o Tribunal deliberou que a continuação da sua detenção é inaceitável”, lê-se no documento. Por enquanto não há resposta por parte dos órgãos de justiça russos. De acordo com a defensora dos direitos humanos Svetlana Gannuchkina, o Ministério da Justiça pode recorrer no prazo de três meses, mas para Alexanian três meses pode significar que já é demasiado tarde. “Eu acho que a posição do nosso Estado em relação a esta pessoa é desumana”, afirmou Svetlana Gannuchkina.

As decisões provisórias não foram acatadas pelas autoridades russas, mas agora os advogados de Alexanian esperam que haja uma outra reacção dado que se trata da deliberação final. Em finais de Março 450 personalidades pediram ao presidente Dmitri Medvedev que interviesse para que fosse alterada a medida de prisão preventiva contra Vassili Alexanian. A carta ficou sem resposta. A recente decisão do tribunal de Moscovo de que Alexanian poderia ser posto provisoriamente em liberdade sob caução, embateu no muro do montante da caução – 1,3 milhões de euros. Os familiares de Alexanian não dispõem de tal quantia e até agora não se vêm possibilidades por esse lado.



publicado por edguedes às 20:11
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Sábado, 20 de Dezembro de 2008
CASO YUKOS. CARA LIBERDADE

 

 

Vassili Alexanian, o ex-vice-presidente da Yukos que se encontra sob prisão preventiva há três anos e que está gravemente doente, tem a possibilidade de ficar (neste caso não se pode usar o verbo “sair”) em liberdade condicional, sob caução. Só que a caução decidida pelo tribunal, já no passado dia 8, foi de 50 milhões de rublos, o que é equivalente a 1,3 milhões de euros. Já na altura, os comentários alternaram-se entre as congratulações pela “atitude humana” do tribunal, e as dúvidas de que a verdadeira intenção fosse de conceder a liberdade a Alexanian. Na opinião do próprio Alexanian, a decisão do tribunal é “gozar cinicamente com a lei e o bom senso”. Obviamente, Alexanian não dispõe de tal quantia e não tem condições para desenvolver qualquer acção para angariar fundos. Passados 10 dias, foi iniciada uma recolha de fundos, por iniciativa de ex-colegas e familiares, mas as esperanças de que se consiga juntar a referida quantia, a tempo do interessado poder beneficiar da liberdade, não são muitas. Alexanian está internado numa clínica sob escolta de quatro guardas. Sofre de SIDA em grau adiantado, foi-lhe detectado um cancro do sistema linfático e, recentemente foi-lhe extraído o baço e ainda se encontra a lutar com complicações pós-operatórias. Segundo a sua advogada Elena Lvova, ele foi submetido a três cursos de quimioterapia, sem resultados. A sua liberdade significa, de facto, que se livra dos quatro guardas que lhe fazem companhia. Na clínica deverá continuar. Alexanian não recebeu tratamento adequado durante um longo período da sua permanência na prisão e só em Fevereiro, o tribunal autorizou a sua transferência do estabelecimento prisional para uma clinica especializada. Por outro lado, o advogado Guevorg Danguian afirma que já caducou o prazo referente à principal acusação que pende sobre Alexanian, por isso ele deveria ser posto em liberdade sem nenhuma caução.

            Alexanian é acusado de ter “furtado acções e bens da companhia Tomskneft”, factos que se referem a 1998 e 1999, quando ele era chefe do departamento legal da Yukos. No entanto, ele expôs-se sobretudo ao aceitar exercer o cargo de vice-presidente quando a Yukos já estava a ser pressionada pelas autoridades e Mikhail Khodorkovski já estava na prisão. 



publicado por edguedes às 10:22
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Terça-feira, 16 de Dezembro de 2008
RECORDANDO SAKHAROV

 

 

Andrei Sakharov morreu a 14 de dezembro de 1989. A data foi lembrada por alguns órgãos de informação russos, mas não foi um acontecimento de grande relevo. Não querendo deixar passar a data sei recordar o grande físico e defensor dos direitos humanos, transcrevo aqui alguns trechos de um artigo que escrevi já há algum tempo, mas que me parece continuar a ser actual...

Algumas iniciativas sublinharam a recordação do físico brilhante e prémio Nobel da Paz que ousou desafiar o poder soviético, mas as pessoas que o conheceram acham que se Sakharov fosse vivo, ainda hoje continuaria a ser uma voz incómoda para o poder.

Andrei Sakharov nasceu numa família da “inteligentsia”, e herdou a sua vocação para a física do seu pai, Dmitri, que era também físico. Na árvore genealógica de Sakharov, reconstruída pacientemente por Elena Bonner (a sua segunda mulher), encontram-se várias gerações de sacerdotes ortodoxos, do lado do pai, e de militares, do lado da mãe. A conservadora do “Arquivo de Sakharov”, Ekaterina Shikhanovitch contou-me que, “na sua infância, o pequeno Andrei acompanhava frequentemente a avó à liturgia, na igreja de Cristo Salvador (posteriormente destruída por Stalin e recentemente reconstruída). Um dos trabalhos levado a cabo pelo arquivo foi de realçar as origens de Sakharov, “porque a personalidade está sempre muito ligada às origens”. O arquivo continuou a crescer durante largos anos, sobretudo com documentos aos quais ia sendo retirada a classificação de “secreto”, dado que uma boa parte dos trabalhos científicos de Sakharov estavam vinculados pelo segredo de estado. 

Já nos bancos da Universidade, Sakharov distinguiu-se pela sua inteligência brilhante, e aos 24 anos foi convidado a trabalhar no grupo do físico teórico Igor Tamm, no Instituto de Física da Academia das Ciências. A Equipa de Tamm foi envolvida no trabalho para o desenvolvimento da “bomba de hidrogénio” e a contribuição de Sakharov foi tão importante que alguns o consideram “o pai da bomba-H soviética”. Na altura vivia-se a corrida aos armamentos. “Então estávamos todos convencidos da importância daquele trabalho para manter o equilíbrio de forças no mundo”, escreverá mais tarde Sakharov. Com 32 anos Sakharov foi eleito membro da Academia das Ciências da URSS. Segundo Bela Koval, directora do Arquivo, “ele nunca teve remorsos por ter trabalhado no projecto da bomba”. Em 1955, depois de um dos testes da bomba, cientistas e militares reuniram-se para festejar o sucesso, em casa do general Nedelin. Quando, à boa maneira russa, chegou a sua vez de brindar, Sakharov levantou o cálice e propôs que se bebesse “para que os nossos engenhos expludam com sucesso só em polígonos experimentais e nunca sobre cidades habitadas”. No ar ficou um certo embaraço. 

Poucos anos depois, o cientista, que já tinha recebido a medalha de ouro de “herói do trabalho socialista”, dá início a uma campanha contra as experiências de explosões nucleares. Depois de dois anos de conflitos e frustrações, em Novembro de 1962, recebe um telefonema do ministro E. Slavski: “a sua proposta despertou grande interesse a alto nível, provavelmente será dado algum passo”. No ano seguinte foi assinado em Moscovo um acordo entre os EUA e a URSS, sobre a proibição de realizar experiências nucleares na atmosfera, no mar e no espaço. Na suas notas, Sakharov escreveu “orgulho-me de ter dado uma contribuição para o acordo de Moscovo”. Nos anos seguintes começa a luta pelos direitos humanos na URSS. É um dos autores da carta colectiva ao XXIII Congresso do PCUS, contra o retorno do culto de Estaline, e dirige-se às autoridades protestando contra as perseguições por “convicções”. Manifesta-se ainda pela abolição da pena de morte. Em 1966 aparecem os primeiros documentos escritos pelo cientista em defesa das vítimas da repressão. Em 1968 publica as “Reflexões sobre o progresso, a convivência pacífica e liberdade intelectual”, traduzido em vários países. Depois disso foi afastado dos trabalhos que pudessem estar ligados a “segredos de estado”, e não pode mais entrar da cidade “nuclear” de Arzamas-16 (hoje Sarov), mas pode ainda continuar a sua actividade científica em Moscovo. Em 1969, dá quase todas as suas economias para a construção de um hospital oncológico e, mais tarde, usa o dinheiro de um prémio internacional para criar a fundação “de apoio aos filhos dos prisioneiros políticos”. 

O grande confronto com as autoridades soviéticas dá-se quando se levanta a questão do envio de tropas para o Afeganistão. Sakharov opõe-se categoricamente em público e, em Janeiro de 1980, é mandado para Gorki (hoje Nijni Novgorod), onde teve que viver num semi-isolamento. Entre outras coisas, a cidade era vedada a estrangeiros. Em Dezembro de 1986, inesperadamente, apresentam-se técnicos para montar o telefone no seu apartamento. No dia seguinte um telefonema directamente de Mikhail Gorbatchov anuncia-lhe o fim do exílio.

No entanto, a “perestroika” não é ainda a reforma que pretendia Sakharov. Eleito deputado pelo círculo da Academia das Ciências, continua a lutar pela eliminação do artigo 6 da Constituição, que define o papel dirigente do PCUS. Num projecto de uma nova Constituição da “União das Repúblicas Soviéticas da Europa e da Ásia”, em Novembro de 1989, Sakharov define como objectivos do Estado “a vida feliz e cheia de sentido, a liberdade material e espiritual, o bem-estar, a paz e a segurança, para os cidadãos do país e para toda a gente da Terra”. Na introdução, para além de afirmar o pluralismo e a tolerância, explicitava a proibição da pena de morte. Sakharov morreu poucos dias depois. Dois anos mais tarde, foi a vez da URSS deixar de existir.

 

 



publicado por edguedes às 12:57
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Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2008
RUI HORTA E MICRO AUDIO WAVES – EM MOSCOVO

 

Foi na quarta-feira a estreia em Moscovo do “Zoetrope” de Rui Horta e da banda Micro Audio Aves. A actuação de grupos portugueses em Moscovo é rara, o que obriga a meter o nariz nestas coisas, pelo menos para ter uma ideia de até que ponto algumas formas da nossa cultura podem ser captadas e aceites pelo público russo. A estreia foi na abertura do festival de “Teatros de Dança – Oficina 08” o que, associado ao nome do coreógrafo Rui Horta podia levar a crer que se tratasse de uma coreografia de dança contemporânea. O público era muito jovem e pareceu-me um pouco “seleccionado” o que é natural porque se trata de um festival, onde vão sobretudo os aficionados. Essa impressão foi confirmada por algumas entrevistas breves que tive a ocasião de fazer no final. As opiniões divergem e em grande parte são críticas, o que é normal. A gente que se pretende afirmar no campo da arte tem normalmente um descontentamento intrínseco dificilmente saciável.  

“Parece-me que não havia ideias novas a não ser uma tecnologia que se usa de uma forma simples, e usando-a desta forma o resultado é este. E não se vai mais além param logo no primeiro resultado. Pareceu-me que faltava alma à interpretação, que faltava amor...”, esta era a opinião de Patrik que diz ser compositor e operador artístico de vídeo. Ao lado dele uma moça, da qual não consegui apanhar o nome reforçava a dose, “faltava a parte experimental, que foi anunciada e que estávamos à espera de ver. Nós lemos que os rapazes que fazem música se dedicam à electrónica experimental, mas não conseguimos ver isso”.

Encostado a uma parede a com um ar de pessoa mais “madura”, estava um homem que decidiu apresentar-se como “espectador incógnito”. Admitiu ser coreógrafo e conhecer o trabalho de Rui Horta há muito tempo, “da Alemanha e da França”. “Eu estava interessado em ver o que é que ele faz fora da coreografia”, disse, mas não se mostrou muito satisfeito, “para mim isto é um bocado o dia de ontem”.

Elena Tupyseva é a directora do festival. “Rui Horta é um dos coreógrafos bem conhecidos na arena da dança internacional”, comenta e adiantando que o tinha conhecido num encontro de directores de vários festivais, em Portugal “e já há muito tempo que pretendíamos convidar o Rui Horta”. Admite que o projecto que tinha sido prometido inicialmente (Scope) talvez fosse mais adequado ao festival. “ Esse era um espectáculo de dança, ou seja video e dança, enquanto que o que foi apresentado aqui era um concerto musical. Mas o nosso festival não é só de dança contemporânea, há espaço também para concertos e cinema de animação. Se este concerto não fosse exibido por nós mas por uma organização dedicada a concertos de música, talvez os nossos coreógrafos não tivessem vindo, mas como fomos nós os organizadores, a comunidade profissional de dança contemporânea veio ao concerto. Para mim isto é importante. Este projecto nós trouxemos aqui porque para mim é muito importante mostrar como um coreógrafo pode entrar noutros campos e trabalhar não com danças mas com outro tipo de movimentos, por exemplo de imagens e outras disciplinas”.

Rui Horta admitiu que de início tinha outra ideia: “eu tinha marcado o espectáculo aqui em Moscovo com o “Scope”, que é a minha última produção de dança e não o pude apresentar porque um dos intérpretes não estava disponível e ficámos com esta data livre”. No entanto mostrou-se muito satisfeito com os resultados obtidos. “Foi muito apertado para chegar aqui. Mas isto ajuda-nos bastante, porque temos ainda um mês para trabalhar a obra. Mesmo se correu muito bem, estamos muito contentes, o público foi incrível. Eu próprio estou a descobrir a obra, só hoje é que consegui ver e procurei distanciar-me e descobri imensas coisas que não tinha percebido antes”. O coreografo afirma que vão ainda trabalhar intensamente nas próximas três semanas, até à “estreia”, no dia 6 de Janeiro, no Porto, onde “já vai ser o Zoetrope 2” .  

 

 



publicado por edguedes às 08:07
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