Encerra hoje, em Moscovo, a exposição de Álvaro Siza Vieira, que esteve aberta ao público durante quase seis semanas, no Museu de Arquitectura, a uma centenas de metros do Kremlin. O certame encheu seis salas do museu, com uma notável quantidade de esboços, projectos, maquetas e fotografias, que dão a uma visão da obra do arquitecto ao longo de quatro décadas. Um catálogo de 400 páginas, em russo, enriquece notavelmente a perspectiva oferecida sobre os trabalhos de Álvaro Siza. Organizada com o apoio da “Fundação Avangard”, da Embaixada de Portugal em Moscovo e do próprio museu, a exposição despertou o interesse sobretudo de estudantes e arquitectos. “Um mestre da matéria, do peso, das proporções, do espaço e da luz”, escrevia Grigori Revzin, nas páginas do jornal Kommersant. No entanto, o crítico alertava que não era tanto uma exposição de conhecimentos para o público comum quanto “a apresentação de uma ideia de arquitectura para profissionais”. A exposição incluía maquetas feitas especialmente para a ocasião, exclusivamente em madeira de cor natural, o que Revzin considerou “uma ideia puramente plástica”, mas que torna menos evidente para o cidadão comum perceber “onde é que acaba o cimento e começa o vidro”. Alguns observadores consideram que as obras de Siza Vieira não vão no sentido das “modas” actualmente procuradas pela elite dos empresários russos, que se deixam captar pela novidades e pelo inesperado. Os edifícios de Álvaro Siza Vieira “são muito simples, um mínimo de meios técnicos e materiais comuns, betão, vidro e, às vezes, tijolo”, comenta Revzin, acrescentando que “não são muito fotogénicos e são difíceis de explicar por palavras..., para eles é importante a função, a forma, a realidade da cor e da luz”. O crítico afirma que, actualmente, na Rússia, “há muito de cultura global, e toda a arquitectura que nos chega do Ocidente é arquitectura do globalismo, e é agradável descobrir que lá também há alguma coisa de completamente diferente”.