O presidente da Comissão Eleitoral Central da Rússia, Vladimir Tchurov, deu hoje uma conferência de Imprensa para assegurar que nas próximas eleições presidenciais, tal como nas anteriores legislativas, tudo vai correr bem. Tchurov esclareceu que não tinha sido Putin a decidir a não aceitação da candidatura de, Mikhail Kassianov, porque “a lei não permite que o Kremlin dê ordens à CEC”. Kassianov era o único representante da oposição liberal à parte o quase desconhecido Andrei Bogdanov, que viu a sua candidatura aceite pelo CEC. Vladimir Jirinovski, apesar dos seus escândalos e excessos nacionalistas, é submisso ao Kremlin, enquanto que Gunnadi Ziuganov, líder do Partido Comunista, repete sempre as mesmas críticas e tem sempre menos votos. As sondagens dão mais de 80% a Dmitri Medvedev, por isso o processo eleitoral vai ser verdadeiramente sem incidentes.
Um dos pontos centrais da conferência de Tchurov foi respeitante aos observadores internacionais. Tchurov esclareceu que o número de observadores convidados para as presidenciais era o mesmo dos convidados para as parlamentares, altura em que a Departamento de Instituições e Direitos Humanos da OSCE, se recusou a mandar a missão de observação por considerar que Moscovo impunha limites excessivos no tempo e no número de observadores. Vão ter os mesmos 70 convites. “Somos nós quem decide quantos devem vir”, afirmou Tchurov, e por isso, ao todo, vão ser cerca de 400. À observação de que na Geórgia havia cerca de mil observadores, para uma área e uma população muito menores, Tchurov reagiu com ironia: “isso mudou alguma coisa?”. O presidente da Comissão Eleitoral sublinhou que se quisessem manter a proporção de número de observadores para número de habitantes que havia nas eleições georgianas teriam de convidar 80 mil observadores. Por isso, Tchurov afirma que as eleições russas se aproximam mais do modelo polaco onde haviam só “50 ou 60 observadores, incluindo este vosso criado”. Para mostrar a boa vontade da CEC da Rússia, Tchurov pôs-se a assinar os convites para os observadores em plena conferência de Imprensa, alternado as respostas com anúncios do tipo “este é para o ministro do Interior da Espanha, Perez Rubalcaba”... No final da conferência Tchurov decidiu ainda dar mais uma demonstração de quanto está já à vontade com os meios de comunicação, não obstante a sua permanência ainda não muito longa no cargo, e puxou pela pasta das candidaturas estranhas. São cerca de 120 os requerimentos recebidos no CEC de pessoas que se querem candidatar à presidência, e continuam a chegar, o que significa que alguns nem sequer conhecem minimamente a legislação. Entre os mais notáveis, Tchurov sublinhou que havia quatro que se apresentavam como “imperatrizes” e um que se dizia já “czar”. Não sei se a ideia de Tchurov era de convencer os presentes que, por mal que as coisas possam correr na próxima presidência, a CEC já evitou os casos mais graves.