Pelas notícias que chegam, as coisas na Chechénia continuam tensas, embora não tenham degenerado em combates abertos. Entre o batalhão de elite “Vostok”, comandado pelo “herói da Rússia” Sulim Iamadaev, e a guarda pessoal de Ramzan Kadirov a pressão recíproca mantém-se, embora tudo leve a crer que vão ser evitados os confrontos armados directos. As tropas de Kadirov libertaram pelo menos 8 dos 9 militares do agrupamento “Vostok”, que tinham detido durante as operações de ontem à noite. O cerco montado à casa de família dos Iamadaev, resolveu-se sem excessos com uma rusga oficial sem grandes pretensões. Confirma-se, no entanto a morte de dois elementos do batalhão Vostok. O presidente checheno, Ramzan Kadirov, perante as câmaras da televisão (conforme refere a RTVI) afirmou que os irmãos Imadaev (Sulim Imadaev é o comandante do batalhão Vostok) são culpados de vários crimes, nomeadamente do assassínio de cinco pessoas na aldeia de Borozdinovskaia, de rapto de 11 habitantes da aldeia e de terem ainda incendiado casas. Acusa-os ainda de serem responsáveis por uma ocupação de tipo mafioso, da empresa Samson, em S.Petersburgo (um caso que deu que falar há algum tempo atrás). Segundo as informações disponíveis Sulim Iamadaev não se encontra na Chechénia, mas algures no território russo, ao que parece, em tratamento. Em compensação, o irmão mais novo Badrudin Iamadaev, é activamente procurado pela polícia local. Entre as acusações figura a de “recurso à força contra as autoridades governativas”, ou seja o facto que ocorreu na segunda-feira, relatado anteriormente.
Segundo alguns observadores, Kadirov tenta, mais uma vez, eliminar forças militares operativas, que não se encontram sob o seu controle directo. Alguns dos militares do Vostok que foram detidos na noite de segunda-feira, afirmaram que lhes foi oferecido dinheiro para “virarem a casaca” e se passarem para os “kadirovtses”. “Depois de há um ano e meio atrás ter conseguido legalizar praticamente todos os guerrilheiros separatistas que se passaram para o lado das tropas federais Kadirov começou a tentar livrar-se das forças militares que não se encontravam sob o seu controlo”, refere o jornal electrónico Newsru.com. Conseguiu acabar com um batalhão especial que se encontrava sob o controlo do FSB (Serviço Federal de Segurança) e que era comandado por outro eminente checheno, Movladi Baissarov. Baissarov, acusado de ter cometido raptos e com um mandado de captura, acabou por ser morto em Moscovo, numa acção que foi levada a cabo pela polícia chechena. Agora as tropas operacionais que não estão sob o comando de Kadirov são dois batalhões especiais do Ministério da Defesa, um desses é precisamente o “Vostok” (oriente) e o outro o “Zapad” (ocidente). Foram já muitas as manobras tentadas para pressionar estes dois agrupamentos militares, desde frequentes exigências de que deixem as instalações onde estão, até incompatibilizá-los com outras estruturas militares, que se recusavam em participar em operações em que fossem incluídos aqueles dois batalhões.
Um dos elementos do batalhão Vostok adiantou que talvez o conflito se deva ao facto de que “as forças de segurança do Kadirov e do Ministério do Interior (da Chechénia) são constituídas em 90% por guerrilheiros amnistiados, enquanto que nós, nas operações que fazemos, matamos os actuais bandidos. Pode ser que eles se vinguem por isso...”
No entanto, é mais provável que a intenção de Kadirov seja simplesmente chegar ao ponto em que a sua autoridade é a única e indiscutível. Ao que parece, já não está muito longe disso.