Na agitada república da Inguchétia continuam a passar-se coisas que alimentam a instabilidade. O caso mais em foco é o da morte de Mogamed Evloev. A notícia oficial que apareceu (já há dois dias), foi a respeitante às conclusões das investigações sobre a estranha morte da figura mais saliente da oposição ao poder local. O conteúdo das conclusões da Procuradoria foi divulgado pelo advogado de Evloev, Magomed Abubatarov. Recorde-se que Evloev foi detido à saída do avião que o trazia de Moscovo, e foi deixado, pouco depois, à porta do hospital, com um tiro na cabeça. Pois bem, os procuradores chegaram á conclusão que Mogamed Evloev, foi ferido na cabeça por um tiro disparado involuntariamente da pistola de um dos guardas que o levavam. A pistola seria a de Ibraguim Evloev (tem o mesmo apelido do que a vítima mas não é parente), o qual foi deixado em liberdade sob compromisso de não deixar o território. O nome coincide com o que já tinha sido anunciado pelos familiares e colegas de Magomed Evloev, que levaram a cabo investigações por sua conta. Deve-se ainda acrescentar que Ibraguim Evloev não é propriamente um polícia qualquer, mas o chefe da guarda pessoal do ministro do Interior da Inguchétia, Mussa Medov. Porque é que era o chefe da guarda pessoal do ministro que devia efectuar a detenção do expoente da oposição, é outra questão que está por esclarecer. Segundo Iakhia Evloev, pai de Mogamed, o autor do disparo já tinha precedentemente ameaçado o seu filho, e o facto de ele se encontrar entre os homens que deviam levar a cabo a detenção, é uma prova do que a acção foi premeditada.
Numa entrevista que apareceu hoje do portal do qual era proprietário Mogamed Evloev, o ex-presidente da Inguchétia, Ruslan Auchev, fez alguns comentários à situação que se vive naquela república. “O assassinato de Evloev é político”, afirma de forma muito directa Auchev, considerando que os motivos da eliminação do representante da oposição foram “a sua actividade, em primeiro lugar o portal, do qual ele era proprietário”. “Se a situação fosse normal, no mínimo era preciso suspender o ministro do Interior durante o período em que decorrem as investigações”, afirma o ex-presidente. Considera que uma das causas dos problemas da Inguchétia é o sistema que actualmente vigora na Rússia, em que os governadores são nomeados pelo presidente. “Quando se é nomeado, olha-se só para cima, defendem-se os interesses dos que estão em cima, e os que estão em baixo não interessam”. Numa entrevista precedente, à rádio “Ecos de Moscovo”, Auchev tinha afirmado que na Inguchétia há “elementos evidentes de uma guerra civil lenta”. “A pressão violenta provoca em resposta outra pressão violenta e a sociedade está-se a radicalizar, sobretudo a juventude”.