as coisas que conta um português que anda pela Rússia

Quinta-feira, 1 de Abril de 2010
AINDA ATENTADOS

(Textos enviados para o JN que saíram só na edição de papel)

 

NOVOS ATENTADOS SUICIDAS EM TERRITÓRIO RUSSO

Um duplo atentado suicida, no Daguestão, provoca 12 mortos e 29 feridos. Quando as autoridades russas falam em aumentar as medidas de segurança, o terror atinge directamente as forças da ordem, numa região que não teve tranquilidade nas últimas duas décadas.


No dia em que em Moscovo tinham início os funerais das vítimas dos atentados de segunda-feira, que vitimaram 39 pessoas e deixaram 95 feridos, outros dois engenhos explodiram na Rússia, desta vez em Kizliar, uma cidade da república do Daguestão, junto confim com a Chechénia. O duplo atentado foi cometido no mesmo lugar, perto dos quartéis da polícia e do Serviço Federal de Segurança. A primeira explosão, às 8.42 (hora local), foi provocada por um automóvel que levava uma quantidade de explosivos correspondente a 200 quilos de trotil, conduzido por um suicida, que accionou o engenho quando dois agentes da polícia o tentaram obrigar a parar. A explosão matou os dois polícias e uma mulher que ia a passar. No chão ficou uma cratera com um raio de 5 metros e uma profundidade que atingiu os 2 metros. Pensa-se que o objectivo do “kamikaze” era o quartel da polícia. Passados 35 minutos, um suicida vestido com um uniforme da polícia, fez explodir um segundo engenho, de cerca de 2 quilos de trotil, entre os agentes das forças de segurança que estava a examinar o local do incidente, matando 9 pessoas, entre as quais o chefe da polícia de Kizliar, Vitali Vedernikov. De acordo com as autoridades, o autor da segunda explosão foi identificado como sendo, Daud Djabrailov, habitante Kizliar. Algumas testemunhas fizeram notar que no local se encontravam já os cães especialmente treinados para detectar a presença de explosivos mas não reagiram à passagem do suicida. Tanto o presidente Dmitri Medvedev, como o primeiro-ministro Vladimir Putin, consideram que os atentados em Moscovo e em Kizliar podem ser “elos da mesma cadeia”.

 

LÍDER REBELDE REIVINDICA ATENTADO

 

Num vídeo divulgado pelo portal dos rebeldes chechenos, o seu actual líder, Doku Umarov, afirma que os atentados cometidos no metropolitano de Moscovo foram organizados por ordem sua. Umarov, que se apresenta como o “emir do Emirado do Cáucaso” argumenta que as explosões foram uma acção de retaliação por causa “do massacre feito pelos ocupantes russos” relativamente “aos habitantes mais pobres da Chechénia e da Inguchétia” que “recolhiam alho selvagem para alimentar as próprias famílias”, perto da povoação de Archti, “a 11 de Fevereiro de 2010”. Umarov garantiu que estas acções de vingança vão continuar e deixou um aviso aos habitantes da Rússia, que “não vão ver a guerra no Cáucaso tranquilamente pela televisão”, porque “a guerra vai chegar às vossas ruas e vão senti-la nas vossas próprias vidas e nas vossa própria pele”.

Anteriormente tinha sido divulgada uma gravação, supostamente da voz de Umarov, em que este afirmava não ter nenhuma responsabilidade e que a autoria dos atentados era do FSB.

 

CÁUCASO INSTÁVEL

 

A instabilidade no Cáucaso do Norte não é uma novidade. A Chechénia é certamente o caso mais conhecido, pelas suas exigências separatistas que levaram a duas guerras devastadoras. No entanto, o aparecimento de grupos extremistas tem-se vindo a manifestar em várias regiões do Cáucaso russo. O Daguestão tem sido cenário de atentados constantes, mesmo sem reivindicações separatistas. O terrorismo no Daguestão tem sido sobretudo contra as autoridades locais e, por vezes. Só no corrente ano foram cometidos 9 atentados bombistas, a maioria contra as forças da ordem. Na Inguchétia, a situação piorou nos últimos anos, em parte porque se tornou o refúgio de alguns grupos rebeldes da Chechénia. As tentativas de repressão dos rebeldes frequentemente tiveram consequências negativas sobre a população, levando a uma onda de descontentamento que só abrandou com a nomeação do novo presidente da Inguchétia. Os atentados, têm sido pelo menos tão frequentes como no Daguestão, e o presidente Iunos-Bek Evkurov quase perdia a vida num atentado bombista, em Junho do ano passado. Há ainda um conflito latente entre os habitantes da Inguchétia e da Ossétia do Norte, por causa de uma redefinição das fronteiras imposta pelo regime soviético. A vizinha Kabardino-Balkaria, tem visto o despontar regular de grupos extremistas, que em algumas ocasiões geraram situações de grande violência. Em Outubro de 2005, um grupo extremista atacou vários postos da polícia em Naltchik, a capital. As forças russa repeliram o ataque com facilidade, abatendo quase todos os “rebeldes”. A cidade ficou em choque. Eram muito jovens, quase todos habitantes de Naltchik. “O rapaz do prédio ao lado”, era a expressão usada para explicar o choque psicológico que se acrescentava ao susto do tiroteio.

Quase todos os observadores concordam em que os problemas do Cáucaso não podem ser resolvidos só pela força, mas que exigem a criação de condições económicas, culturais e religiosas que permitam perspectivas duma vida próspera e serena.



publicado por edguedes às 10:12
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